Seropédica (RJ) – Após anos de abandono e degradação, a histórica Casa de Farinha do Assentamento Casas Altas, em Seropédica, começa a viver um novo capítulo. Um grupo de produtores, moradores e técnicos, reunidos na Associação dos Agricultores e Moradores do Assentamento Casas Altas, articula um projeto de restauração completa da estrutura e resgate da produção coletiva de farinha de mesa, símbolo da cultura rural e da autonomia alimentar da comunidade.
Criado pelo INCRA em 1993, o Assentamento Casas Altas ocupa uma área que antes pertencia à antiga Fazenda Casas Altas, marcada por décadas de monocultura e degradação ambiental. Nas últimas três décadas, famílias agricultoras transformaram a paisagem com práticas de agricultura familiar e produção diversificada, mas enfrentaram inúmeros desafios estruturais, como o abandono de equipamentos públicos e a falta de políticas continuadas.
A placa antiga marca os tempos de glória da inauguração e uma primeira visita técnica já aconteceu em maio de 2025 com técnicos da Secretaria de Agricultura e da Prefeitura de Seropédica que ajudam na elaboração do projeto
A Casa de Farinha, construída no início dos anos 2000 como um símbolo de soberania e geração de renda, chegou a funcionar por alguns anos com apoio de técnicos da reforma agrária e da própria comunidade. Mas, sem manutenção, acabou se tornando um espaço inutilizado — suas paredes rachadas, o telhado em colapso e o maquinário comprometido.
Agora, a associação quer mudar essa realidade. Com apoio de parceiros da Prefeitura de Seropédica, Universidade, movimentos sociais e da própria vizinhança, está sendo elaborado um plano de recuperação da estrutura e mais que restaurar o prédio, o objetivo é reativar a produção coletiva de farinha de mesa artesanal de alta qualidade, valorizando o saber tradicional dos trabalhadores do campo.
“Queremos mais que uma reforma física. Queremos reunir de novo os trabalhadores e trabalhadoras da terra, produzir com cuidado, sem veneno, e oferecer uma farinha que tenha história, identidade e sabor”, explica um dos membros da associação.
Além da produção para consumo interno, a proposta prevê a criação de uma marca coletiva e ações de valorização da cultura alimentar campesina. A farinha será comercializada em feiras agroecológicas, escolas e mercados locais, com embalagem própria e rastreabilidade.
A Casa de Farinha restaurada também deve se tornar um ponto de encontro para ações educativas, oficinas com jovens e intercâmbio entre gerações.
“Esse projeto é sobre reconstruir vínculos, fortalecer nossa autonomia e mostrar que o campo tem muito a ensinar para um futuro mais justo e sustentável”, resume uma das agricultoras envolvidas.
Próximos os incluem mutirões comunitários, captação de recursos via editais e parcerias com instituições públicas. A associação convida apoiadores e visitantes a conhecerem o espaço e somarem ao esforço de reconstrução.
Situação atual da Casa de Farinha e uma simulação de como poderá voltar a produzir e uma imagem do novo produto local da agricultura familiar do assentamento começa a ser desenvolvido
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